Sentir prá Ver

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A Obra em seu contexto

Podemos observar, logo no primeiro plano dessa imagem, um prato com cinco frutas localizado na parte central inferior da tela. Logo atrás do prato, há uma garrafa branca e, em seguida, um bule vermelho.

Essa obra foi pintada em 1983 por um artista brasileiro chamado Carlos Scliar. Ao contrário da obra de Pedro Alexandrino, os elementos pintados por Scliar não imitam fielmente o real; suas formas são simplificadas e alongadas e expressam o que ele considerava essencial nos objetos.. Os objetos reais funcionavam como uma espécie de ponto de partida para a sua composição. Scliar achava que as naturezas mortas deveriam ser chamadas, como no inglês, de “vidas estáticas” (still life), já que para ele representam o aprisionamento de um momento de vida!

Você consegue identificar quais frutas o artista colocou nessa natureza morta? Tente perceber, tocando nas reproduções do painel, as texturas dos elementos… São texturas próximas das reais?

Perceba que a pintura foi realizada sobre uma colagem, e por isso seu suporte não é totalmente liso. A rugosidade ou imperfeição no suporte nos afasta da dimensão real das coisas e adiciona outros focos de interesse à pintura. Sua pintura não apenas representa os objetos, mas explora a possibilidade do homem de encantar-se com esses objetos cotidianos e reinterpretar a vida.

Se você pudesse escolher um dos objetos representados nas duas naturezas mortas da exposição, qual deles levaria para casa? Escolheria um objeto mais bonito, um mais funcional ou algum que lhe traga lembranças afetivas? Por quê?

Poesia que acompanha a obra

Todos os objetos da casa já haviam sido pintados.
Toda casa também.
Pedro teve então a idéia de pintar nos próprios objetos.
A começar pela louça de jantar.
(…)
Cada um de uma cor. Por dentro e por fora.
(…)

Fernando Sabino