Sentir prá Ver

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A Obra em seu contexto

Apesar de tratar-se de uma obra abstrata, onde o mundo real não está sendo representado, essa imagem possui características um pouco diferentes da obra Composição Nº 2, de Maurício Nogueira Lima.

Na obra de Leopoldo Raimo as formas não obedecem a nenhum rigor geométrico ou matemático; ele criava com liberdade de gestos e pinceladas. Repare como suas formas são naturais e livres, parecendo manchas espalhadas sobre um plano. Nessa obra, Leopoldo Raimo introduz, ainda, a utilização de areia, criando texturas diferenciadas em algumas áreas do quadro.

Observe a imagem e explore as réplicas tridimensionais que estão na sua frente… Agora tente perceber as diferentes etapas na elaboração desse quadro… Como acha que o artista criou essa composição? Consegue identificar diferentes camadas de tinta? Onde foi aplicada a areia?

A obra original, pintada em 1958, tem formato bastante pequeno, pois curiosamente foi criada como estudo no verso de uma folha de receituário médico – outra profissão exercida por Leopoldo Raimo. Para muitos artistas dessa época, deixar de lado as representações do mundo real significava ampliar as possibilidades de trabalhar com as tintas, formas, texturas e tudo aquilo que compõe a arte. A abstração, acreditavam, ampliava a possibilidade do espectador de explorar as infinitas relações, sentimentos e interpretações que uma obra de arte poderia transmitir e revelar.

E para você? Quais são os seus sentimentos e sensações ao ver essa obra? O que essas formas podem lhe revelar?

Poesia que acompanha a obra

As coisas têm

Arnaldo Antunes

As coisas têm
peso, massa, volume, tamanho, tempo, forma,
cor, posição, textura, duração, densidade
cheiro, valor, consistência, profundidade,
contorno, temperatura, função, aparência,
preço, destino, idade, sentido.
As coisas não tem paz.