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Matéria site Tempo de Creche: Exposição “Sentir prá Ver”.
abril de 2015
A exposição Sentir prá Ver, inaugurada em Abril no Memorial da Inclusão, em São Paulo, coordenada por Amanda Tojal, traz 14 reproduções fotográficas de obras de arte do acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo que possibilitam uma interatividade ampla entre público e o objeto artístico.
Sentir prá Ver possibilita e estimula a percepção de pinturas não somente por meio da visão, mas também por outros sentidos como o tátil, o auditivo, o olfativo e o sinestésico, de diferentes temas abordados nas artes plásticas, como retrato, natureza‐morta, cenas, paisagens, marinhas e abstração. Ao propor esta nova estratégia de mediação, a exposição inclui uma série de recursos de apoio multissensoriais, por meio de reproduções táteis de obras de arte, em baixo relevo e, também, na forma tridimensional, jogos associativos, textos investigativos em dupla leitura e audiodescrição.
Para Amanda Tojal, há diversas formas de representação artística, como a arte conceitual, a arte contemplativa e também a arte mais interativa, que estimula uma participação e exploração mais direta das obras de arte com as pessoas.
Nessa exposição, o objetivo é estimular a apreciação artística através da interatividade e da exploração através de réplicas ou objetos táteis. “A arte tem também este papel de aflorar e estimular os sentidos. Por outro lado, quando nós vemos obras de arte contemplativas, muitas vezes temos que traduzi‐las com o intuito de aproximá‐las das pessoas. É por isso que eu falo da alfabetização de obras de arte por meio dos sentidos.”
Esta tradução tem que ser realizada através recursos, o que nós chamamos de recursos de acessibilidade. Esses recursos têm por função traduzir, mediar uma obra de arte de forma mais interativa, com também de ampliar a curiosidade das pessoas para outras formas de conhecer e interpretar o universo artístico.
Por exemplo, você pode pegar uma pintura e traduzi‐la para uma maquete tridimensional. Transformá‐la num espaço tridimensional.
Outro exemplo seria traduzir uma pintura, cujo tema seja a natureza morta, complementando‐a com uma atividade de composição de frutas tridimensionais, organizadas de forma semelhante daquela que está no quadro. Assim, a criança vai poder ter uma experiência mais completa do espaço, das formas e das texturas e até do aroma das frutas e comparar as diferenças entre um objeto e o outro. Esta atividade pode também ser trabalhada com a cor. No caso de uma criança com deficiência visual, podemos substituir a cor pelas texturas. A exposição Sentir pra Ver propõe uma aproximação da obra de arte de uma forma mais concreta para todas as crianças, independentemente das suas diferenças e necessidades”.
Nosso universo é a Cultura da Infância. Nossa cumplicidade é com o Educador.
Nosso encantamento é a Criança!
Outro ponto importante é a sonorização. A música é muito importante para estimular e relacionar o tema com a pintura. Sendo assim, a proposta da exposição é, além de elaborar uma maquete, onde vários sentidos e linguagens artísticas podem ser trabalhadas, incluir também a sonorização de poemas, músicas e audiodescrição interativa, esta última, com o intuito de narrar, principalmente para as crianças com deficiência visual, o que está sendo apresentado no quadro. Por se tratar de uma exposição composta por vários recursos de acessibilidade, a realização desse trabalho foi feita por uma equipe multidisciplinar, composta por educadores e artistas plásticos que pensaram juntos na tradução dessas imagens para permitir diversos tipos de exploração.
Cabe, porém aos educadores, permitir que a criança explore e possa dialogar com o educador sobre o que ela está fazendo. O educador é, neste caso, um mediador, com a função de estimular a curiosidade e a exploração dos objetos. Ele deve deixar a criança ser livre para encontrar as suas próprias respostas, suas leituras e interpretações. O trabalho da mediação do educador, nunca é dar “o prato pronto”,
a resposta, mas que cada criança possa encontrar a sua resposta. Por exemplo, uma criança cega vê o mundo que não é o nosso, uma criança surda percebe o mundo de outra forma e uma criança com uma deficiência intelectual também vai perceber o seu mundo de outra forma. Então, a leitura que cada criança faz da obra de arte não será igual a da minha forma de ver ou da forma que outra pessoa está vendo. Sendo assim, acredito que primeiro devemos deixá‐la encontrar as suas próprias respostas, para somente depois, dialogar com o educador, o mediador, e trocar essas experiências pessoais com ele.
Outro recurso que a exposição disponibiliza são os jogos de associação. Na exposição Sentir pra Ver temos, por exemplo, uma obra abstrata, com formas geométricas nas cores pretas, vermelha e amarela. Traduzimos esta obra para um objeto tridimensional, que tem mobilidade e possibilita a interatividade. Produzimos também um jogo de quebra cabeça, com formas muito parecidas com a obra original, mas que não são idênticas, complementa Amanda Tojal A criança vai reconstruir esta obra do jeito dela, da forma que ela quiser. A associação que ela pode fazer com as formas oferecidas pelo jogo de associação vão permitir que ela desenvolva uma
composição abstrata, com formas e linhas, a partir das relações, e dos conhecimentos que ela tem, do mundo visível e experiencial dela. Isso amplia o seu universo criativo e a sua autoestima também.
Quando perguntamos a Amanda se um jogo de quebra cabeça comum permitiria este trabalho, ela nos explica que não, porque esse jogo não foi adaptado para esse fim. O jogo de associação, nesse caso, tem que ser pensado a partir de uma obra de arte, uma pintura, uma fotografia…. e permitir que a criança, ao utilizar o jogo, possa fazer uma associação com a imagem original e aprender enquanto brinca. O jogo associativo sensorial, tem portanto como objetivo, desenvolver não somente a alfabetização de uma imagem ou de um objeto artístico, mas também, possibilitar, por meio dos sentidos, um maior e melhor conhecimento dos nossos potenciais e do meio ambiente natural e cultural em que vivemos.
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